As piores maneiras de lidar com a preocupação

Em algum momento alguém já falou esses comentários para você?
- Tente ser mais positivo.
- Você não tem nada com que se preocupar.
- Tudo vai ficar bem.
- Você tem que acreditar em si mesmo.
- Acredito em você.
- Tente tirar isso da cabeça.
- Pare de se preocupar.
A maioria das pessoas preocupadas já ouviu esses conselhos de amigos bem-intencionados ou até mesmo de terapeutas. Você deve, se realmente tiver sorte, sentir-se melhor por cerca de apenas 10 minutos.
Tentar ser positivo é uma boa ideia as vezes, mas como uma pessoa preocupada, você, na verdade, tem medo de ser mais positivo. Dizer para “pensar positivamente” é como dizer a alguém que tem mede de altura: “Confie em mim, você não vai cair. Você pode escalar aquela montanha”. A chance de que o conselho funcione é ZERO!
Que tal dizer “Você precisa acreditar em si mesmo”? Soa bem, mas se você é uma pessoa preocupada, como fazer para que isso aconteça? Imagine que alguém diga: “Puxa, vejo que você tem todas essas dúvidas sobre si mesmo e seu relacionamento. Quero apenas que você comece a acreditar em si próprio agora – neste exato momento”. Qual a probabilidade disso ser útil?
Novamente, ZERO.
O fato de seu amigo acreditar em você é maravilhoso, mas como isso o ajuda a acreditar em si mesmo quando você é uma pessoa preocupada? De fato, não apenas a confiança de seu amigo parece não ter absolutamente nenhuma relevância para sua autoconfiança como também você pode concluir: “Ele não conhece meu verdadeiro eu”. Se você é uma pessoa preocupada, provavelmente abriga um “eu particular” que é o núcleo de sua “autodúvida”, o “eu neurótico” que ninguém conhece. Assim, quando seu amigo diz que acredita em você, isso pode simplesmente demonstrar que ele de fato não o conhece tão bem quanto você mesmo.
Parece familiar?
E se seu amigo disser: “Tente tirar isso da mente” e o obrigar a se distrair com alguma outra coisa, como sair para uma caminhada? Enquanto caminha, você provavelmente pensa: “Será que Pete está tentando me ligar e não consigo atender?”. E, quando a caminhada termina, você vai para casa e volta direto para sua preocupação. E então pergunta a si mesmo: “O que ele pensa que eu deveria fazer, passar minha vida inteira numa longa e agradável caminhada?”. Como você não se vê na pele do maratonista Forrest Gump, acredita que aquele conselho bem-intencionado – tirar isso da mente – não vai ser a salvação.
Se você é como os milhões de pessoas que se preocupam, então provavelmente ouviu parte, senão a totalidade, desses maus conselhos. Se surtiu algum efeito, foi fazê-lo sentir-se ainda mais deprimido. Você não se sente compreendido e até pensa que sua situação deve ser realmente desesperadora, pois todas as pessoas bem-intencionadas e os especialistas altamente treinados parecem não poder ajudá-lo. A verdade é: eles não podem ajudá-lo porque estão tentando livrá-lo das preocupações.
Mas as preocupações persistem por causa das maneiras pelas quais você tenta se livrar delas. Você usa técnicas que tornam as coisas piores. É como o alcoolista tentando livrar- se da dependência tomando outro drinque. Isso vai afastar o problema de sua cabeça por uma hora, mas o problema continua ali, e pior que antes. A razão pela qual você insiste em fazer muitas dessas coisas autodestrutivas para livrar-se da preocupação é que todas elas funcionam a curto prazo. Cada uma das estratégias que você usa vai fazê-lo sentir-se menos ansioso por alguns instantes ou algumas horas. Você pode perguntar: “Bem, isso não é uma vantagem? Afinal, se consigo me sentir melhor durante uns poucos minutos ou mesmo poucas horas, então o que há de errado com um pouquinho de alívio das preocupações?”. Essas técnicas são autodestrutivas porque mantêm a crença de que você precisa se preocupar a fim de reduzir a ameaça; elas o convencem de que você não consegue conviver com a incerteza e o impedem de enfrentar e derrotar seus piores temores
Abaixo veremos uma “Duzia Suja” de estratégias que não funcionam:
Buscar reasseguramento;
Tentar suprimir os pensamentos;
Coletar informações;
Checar repetidamente;
Evitar desconforto;
Alienar-se com bebidas, drogas ou comida;
Preparar-se demais;
Usar comportamentos de segurança;
Tentar causar sempre uma boa impressão;
Ruminar e remoer infinitamente;
Exigir certeza,
Recusar-se a aceitar o fato de que tem “pensamentos loucos”.
Lutar para se livrar dos pensamentos, em vez de reconhecer que são normais, apenas aumenta a preocupação.
Fonte: Como lidar com as preocupações – sete passos para impedir que elas paralisem você – Robert Leahy